COMO O MUNDO NOS TEM VISTO

Uma coisa é certa: somos a primeira geração de mulheres, em toda a História, que chegam aos 60, 70, 80 anos de idade, ativas, produtivas, belas,criativas, independentes, com namorados, vida sexual...Acho que devemos isso aos anos 70.

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Estudos de mercado consumidor nos apontam como um consumidor exigente e de excelente poder aquisitivo - uma vez que os filhos cresceram e nossa prioridade passou a ser nós mesmas. Mas este mercado ainda não nos digeriu ou entendeu.

Venho estudando há anos os comportamentos desta nova mulher madura e perdi dias, noites na internet em busca do que nos é oferecido ao consumo: roupas horrendas, cabelos em cortes sem graça , viagens caretas. Uma visão inteiramente chapada da mulher desta idade.No entanto, somos diversificadas: há as vovós, as executivas, as namoradeiras, as roqueiras...as gordinhas, as magras...Viaje no Google pelo mundo, em vários idiomas, e verá que tenho razão.

A Moda nos despreza - reclamam mulheres de todo o mundo. Despreza esta fatia fantástica do mercado? Ou simplesmente ainda não nos entendeu e assimilou? E, neste sentido, a Moda até retrocedeu. Tínhamos em Saint Laurent, Balmain, Chanel, muito mais opções, bonitas, originais, elegantes, instigantes.

Nada, se eu quiser me vestir no gênero clássico ?

E se combinar comigo um estilo mais moderno?

Se eu for do gênero rock jurássico e...?

Oh, está bem, digo eu, não quero me vestir como uma menininha, quero coisas adequadas ao meu momento,comprimento bacana, mas também não quero os estampadinhos miudinhos abotoados na frente como as roupas de minha avó. Não quero o fio dental nas calcinhas e biquines, e nem as calçoilas feiosas de algodão. Quero um jeans na cintura, e não mostrando o "cofrinho".Quero uma lingerie bonita para dormir com meu homem, mas nada que me deixe com cara de cafetina dostoieviskiana e ridícula. O que há para mim no mercado? Nada.

Assistia um desfile de lingerie na TV com uma amiga de mesma idade. A modelo linda, malhada, com um fio dental vermelho sumidinho, espartilho da mesma cor, cravaado de pedrinhas brilhantes, pulseiras nos pé. Dizia a apresentadora: "Lindo. Já pensou, abrir a porta para seu marido vestida assim?" Comentou minha amiga: " Se eu abrir a porta para meu marido vestida desse jeito, vai ser difícil para ele conter o riso."

Onde os esvoaçantes robes-de-chambre de minha mãe, até os pés, contornados de arminho e chinelinhas combinando? Onde os pijamas de calça pantalona, os orientais, as calcinhas sainha de cetim com rendas fru-fru, dignos de Lady de alta estirpe, charmosos, sensuais? Os modeladores bonitos das senhoras anos 50, tipo pinup ?

É... Eles não sabem nada de nós...

E fato é que se quiser se vestir com alguma criatividade, alguma graça, criar um estilo seu, prepare-se para improvisar. Se ainda tem qualquer preconceito com os brechós, vá pensando em perdê-los. Garimpe peças. Quem frequenta os brechós sabe: encontrará por lá muita gente do mundo fashion, meninas das universidades de Moda, gente estilosa, figurinistas. E neles ainda terá a chance de achar as calças na cintura, as saias em comprimentos viáveis, os acessórios clássicos que dão com qualquer roupa, os blasers de bom corte, estruturados, que levantam bem os ombros...Aprenda a garimpar.

Transforme peças, sobreponha roupas, customize-as, dê às antigas uma cara mais moderna, use flóres, aplique rendas, troque botões, aprenda a fazer tingimentos, veja se há boas idéias em alguma revista....Sem medo. Vale a pena. Na nossa idade, é legal construir um estilo próprio. E isso te fará um grande bem. Perca tempo com você. Nunca se esqueça: sua hora é hoje.