Somos o que somos, e somos também o nosso tempo, o que
vivemos, o que vimos, somos a nossa geração.
Foto internet, sem citação de origem ou autoria |
Eis porque não vejo na evolução da medicina, da tecnologia,
da cosmética, a única responsável por termos chegado aqui, aos cinqüenta,
sessenta, setenta anos de idade, da forma como chegamos: criativas, produtivas,
sensuais, vivas. Vejo por trás deste fato, de inaugurarmos uma velhice até
então impensada em qualquer civilização, um certo orgulho de nossa própria
história. Uma história de tantas lutas, de tantos enfrentamentos sociais, tanta
demolição de valores ... e tanta fé num mundo novo. Uma história que nos exigiu corajosas e
guerreiras. E pela qual já pagamos o preço.
Chegadas aqui, ao terceiro ato de nossas vidas, como se
intimamente precisássemos renovar nossos votos de amor à vida, de crença nos
ideais... chegadas aqui ( e tantos ficaram pelo caminho) era preciso e merecido
um Grand Finale. Chegadas aqui, há que se responder à pergunta: Valeu a pena?
Música, maestro. Rufar de tambores. Acendam-se todas as
luzes do palco que a resposta é SIM, VALEU A PENA.
Fôssemos hoje velhos tristonhos, desistentes, feiosos, áridos e
alguém poderia dizer: “Viu no que deu?
Inquietos demais, agora aí, ó” Mas
somos os guerreiros que morrem sem deixar o campo de batalha, somos os que não
desistem.
E esta não é uma decisão pessoal, mas um projeto coletivo,
um pacto coletivo. Tanto que se reflete em toda aquela geração.
Em respeito aos que tombaram em batalha, e aos que, na falta
daqueles mais tivemos que lutar, em respeito ao Mundo Novo que um dia
acreditamos construir, que nos acostumamos a pensar como possível, para horror dos passadistas, para horror dos
agentes opressores, estamos nós aqui, os
sexalescentes, os sexygenários, as Golden Oldies, inaugurando uma nova forma de
velhice, a velhice viva, a dizer às novas gerações: “Sim, valeu a pena.A utopia
é necessária. E a luta pelo que se acredita sempre vale a pena. Valeu a pena.
Mas ainda não terminou. Está valendo.”
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