Foto de Walter Firmo. A estátua do poeta, em plena maturidade, observa os jovens namorados. |
O Amor e seu Tempo
de Carlos Drummond de Andrade
Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe
Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Será mesmo? O amor mais tardio será mesmo mais intenso ou de melhor qualidade que o da juventude? Será mais fácil, mais simples, amar? Ou, ao contrário, o coração endurece
com a idade, ficamos mais impermeáveis, menos crentes de uma possível felicidade compartilhada? Cada caso é um caso isolado? Nada a ver um com outro?
Estas são algumas das milhares perguntas que me faço desde que aceitei o desafio de tentar entender o que se passa conosco, na maturidade.
Confesso: tinha esperança de fazer deste blog um canal, no qual pudéssemos trocar impressões, discutir pensamentos e emoções, e nos descobrir nesta troca, nós, os gerontolescentes ( a palavra acaba de entrar no dicionário de português). Mas acho que ainda não cheguei lá. Por enquanto, do outro lado do fio, onde o canal é da leitora, nada mais que meia dúzia de vozes me respondem através de COMENTÀRIOS ou facebook
E continuo a levantar questões.
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