Pessoalmente, prefiro a forma literária ‘a Mulher’ ( e gosto assim, com maiúscula) à que agora se vem propondo: ‘as mulheres’. Arqueólogos, historiadores trocaram ‘o Homem’ , para falar genericamente sobre a espécie humana, por ‘os homens’, mais próximo da idéia de pluralidade. Fica assim então, agora: “Os homens surgiram na África.” Está certo. Mas era mais bonito como se dizia antes, teimo eu.
Assim, continuo escrevendo ‘a Mulher’. E, como as mulheres são contraditórias, sem nunca me esquecer que a Mulher, neste caso, é plural. Homens (e mulheres) são plurais. E a julgar por nossa tão colorida e inventiva indumentária e nossos gostos pessoais, mulheres são ainda mais plurais. É desta pluralidade, acerca dela e com ela, que eu gostaria de trabalhar aqui no Flying on the World. Uma pluralidade que nos tem sido sistematicamente negada, desde que passamos dos 50 ou 60 anos.
Imagem: desfile Givenchy, 2011 |
Senão, vejamos: Quando você diz : “ A Moda não trabalha a meu favor, não me vê... é Moda pra mocinhas, corpinhos perfeitos, etc...” , logo surge alguém a te indicar uma loja ou uma marca especializada, “ para mulheres maduras”. E você já sabe de antemão o que vai encontrar lá. Internacionalmente ( a internet hoje nos permite esta pesquisa), o comércio de roupas “para mulheres maduras” obedece a um uniquíssimo estilo de seriedade, fechamento, assexualidade e sem-gracisse. Sem escolha. Padrão único, o mesmo de 20 anos atrás, nenhuma inventividade. Nunca mais singular.
E aí se tem uma idéia muito clara de como viemos sendo pensadas . Tenho mostrado aqui no blog, à medida em que pesquiso e eu mesma vou aprendendo, as preocupações do Mercado de Consumo em ter perdido de vista o seu melhor consumidor, os bommers, a partir principalmente dos anos 2000, quando estes ( boomers - nascidos a partir de 46) 'jubilaram-se' ( assim dizem os especialistas). Chegaram aos 60. Seus interesses mudaram. Seu comportamento. O Mercado de Consumo está confuso. Somos muitas as mulheres maduras que não se identificam com o que nos é oferecido. E o pior é quando, por falta de opção, muitas vezes nos enfiamos naquela roupa ‘esquisita’, que não nos expressa, que não nos acrescenta ou valoriza, na qual não nos sentimos em liberdade...
E pouco a pouco nos acostumamos a ela. Como se fosse isso mesmo, o que nos cabe, aquilo de que devemos gostar, a forma como devemos nos comportar, como devemos pensar... depois dos 60. Tornam singular a mesma mulher que na juventude era vista plural .
Agora, tome a roupa e a Moda apenas por metáforas. Quanto a sociedade nos tem reduzido, não é? Mas o que me toca, me leva adiante neste tema é que reagimos. O que me instiga é tentar desvendar com que recursos reagimos, e em quê isso muda pra nós e para o mundo.
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"Até quando, em que idade, que fase da vida , se procura ou espera pelo amor?".
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O Bucaneiro Prateado8 de outubro de 2012 às 09:54
A sociedade de consumo "juvenilizou" o mundo. Homens e mulheres maduros ficaram à margem, segundo eles... É patético mas me parece verdadeiro isso. Para toda ação tem uma reação, é a hora e a a vez de botar a boca no trombone e vc está fazendo isso com a lucidez q te caracteriza. Quanto ao Forum:
ResponderExcluiracredito q não exista tempo q determine ou delimite a procura e a chegada do amor. O amor,como disse Dalva de Oliveira, uma passional escancarada, é o amor! Diz tudo, né? Ele se manifesta na alma e na mente sem fronteiras de tempo. Agora, focar nele depende unica e exclusivamente da gente. Alguns abandonam o barco, se vitimizam, se castram por sofrimento, carencia e desgaste. Outros reagem. O amor é o amor, pt saudações!