LIVRO E PERSONAGEM
Vovó Delícia – personagem criado por Ziraldo – jornalista brasileiro, artista
plástico, cartazista gigante, e gigante autor de livros e personagens icônicos de nossa literatura
infantil – em 1997, data da primeira edição do livro homônimo, “Vovó Delícia”.
Uma vovó moderna, que mantém vivos os próprios interesses,
atividades, expectativas, projetos , sonhos, sexualidade, sem qualquer prejuízo da troca
afetiva com os netos. Ela tem amigos, namorados, sai à noite, anda de moto, vai à praia de
biquine...
LÁ VINHA ELA
Ziraldo me contou que escreveu Vovó Delícia em homenagem às suas amigas de mesmo perfil. Nunca lhe perguntei se tinha com o livro outros objetivos - didáticos, por exemplo - mas Vovó Delícia, já em 2000, tres anos após a primeira edição, já estava adotado em escolas de ensino fundamental. O que se queria era inserir junto às crianças este novo personagem social, a nova avó, tão diferente das avós até então conhecidas.
FENÔMENO SEM VOLTA
Uma década e meia se passou desde a criação da Vovó Delícia
por Ziraldo. As novas avós tornaram-se agora mais numerosas. Mas, hoje, refletindo
acerca delas, me pergunto: Estarão já assimiladas completamente pela família e
a sociedade? Acredito que não.
A Vovó Delícia é um fenômeno sem volta, uma alegre
conquista. E queira-se ou não, veio para ficar. Não resta outra saída sem
receb|ê-la, hoje, com “cara de aceitação” - politicamente correta. Mas cara de
aceitação não é aceitação.
E AÍ, MENINOS?
Vovós Delícia e netos, me parece, entendem-se perfeitamente
bem. Mas tenho nítida impressão de que as novas vovós traem expectativas de
seus filhos e genros ( pais dos netos). Gerações que conheceram e usufruiram do
velho modelo de avó - não menos delicioso, porém outro – esteio da família,
porto seguro, à disposição destes entes queridos desde encerrara sua vida
profissional, sexual, social, abrira mão
de projetos, fantasias e sonhos pessoais em prol deles. “ Meu neto é minha via”
– quem não ouviu isso algum dia?
E não seria este o íntimo desejo de nossos filhos? Que representássemos um papel familiar já conhecido por eles, um modelo seguro?
Confessem, meninos de quarenta, de trinta e cinco,
está difícil ainda pra vocês encarar
este novo ser social, que insiste teimosamente em existir. Esta persona, que você até admira mas não compreende ou perdoa. Ou sim, quando se trata da mãe do outro, mas difícil de encarar quando se trata da sua.
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